Saturday, March 18, 2006

Tão perto, tão longe.

"Carta a Meu Pai" de Franz Kafka

Nesse desabafo, nunca enviado a seu pai, Kafka fala muito do que eu falaria a meu pai; porém, da mesma forma que ele escreveu mas não enviou, eu penso mas não falo.
"A esta tua usual representação, eu a considero correta apenas naquilo que diz respeito à tua ausência de culpa em nosso afastamento. Mas também igualmente isento de culpa estou eu. Se pudesse alcançar que reconhecesses isto, seria possível, talvez não uma existência nova, para isso estamos ambos demasiado velhos, mas sim uma espécie de paz, não um cessar, mas sim um atenuamento de tuas contínuas censuras."
Como pessoas unidas pelo sangue podem se separar por causa de personalidades diferentes.
O estranho é que acredito que, tanto ele quanto eu, gostaria que nos gostássemos mais.
Querer nem sempre é poder, nem sempre o que se pode fazer é o que deve ser feito e às vezes, quando o fazemos, não é certo de que será bem sucedido.
Se existem outras vidas, talvez resolvamos nossas pendências na próxima, meu pai.

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