Friday, May 28, 2010

Por que chorei...

Na formatura de meus alunos de Ensino Médio no CEFET, eu chorei, como há muito tempo não chorava.
Chorei porque iam embora, porque gostava muito de muitos deles (inclusive não havia ali nenhum que eu desgostasse). A vida de professor tem um lado gratificante, mas também cruel. Você convive alguns anos com algumas pessoas; as vê crescer, amadurecer; quando se acostuma com elas, quando se dá bem com elas, quando gosta delas...

se vão.

Estranho, porque no ano seguinte, você conhece novas pessoas, se acostuma, se adapta, gosta e...

elas se vão.

Quando comecei a dar aula, no Supletivo, eu tinha 27 anos e meus alunos 15/30/5o. No município, em 2001, eles tinham 13/14 e eu 30 anos. Hoje, meus alunos continuam estando na faixa dos 15, mas estou com quase 40.

Quase quarenta.

O tempo passa e me pergunto: como será envelhecer no meio de jovens?
Medo (hoje eles falam assim, sem pronome e nem verbo)

Espero encontrar a resposta no viço, no vigor, no estímulo, na juventude de meus alunos. Alunos como Hanna, Jéssicas, Débora, aquelas que manifestaram grande simpatia por mim - simpatia compreensiva, fiquei feliz por ver que mesmo sendo difícil, fui compreendido - bem como também agradeço o carinho silencioso, a atenção sincera, o silêncio forçado, o sono incontido, a conversa desregulada de todos os outros. Gostando ou não, o que fizemos em sala de aula, fizemos juntos e lembraremos sempre.

Foi muito boa essa jornada com vocês, geração 2007, começamos um período juntos. Vocês terminaram sua jornada cefetiana, a minha mal começou... Já sinto saudades...

Monday, May 17, 2010

"A Rainha" e o uniform de Spock

Vi esse filme no ano passado, acho que foi no TNT. Não o vi no cinema, agora não me lembro porque, apesar de ter sido indicado para Oscar, etc e tal. A história não chamou minha atenção. Assistindo-o na TV mudei de opinião. O filme fala sobre a defasagem entre visões de mundo e estilos de vida, fala sobre a dificuldade de se adaptar a mudanças - bem como sobre a reduzida percepção pela qual a mudança vê o passado que se vai (para ela, ele é meramente arcaico) -, a incapacidade de se comunicar e de se desenvolver empatia pelo que não se conhece, ou não se entende.
Seguir horários, tentar honrar compromissos, obedecer as regras, defendê-las (mesmo que isso seja estranho e/ou doloroso para mim/outros), etc., essas atitudes são arcaicas e estranhas hoje. Adotá-las, me torna arcaico, um dinossauro, incapaz de interagir com aqueles que não compartilham dos mesmos parâmetros.
Fui a uma festa a fantasia nesse final de semana, primeira vez que ia em algo do gênero. Com que roupa eu fui? Com o uniforme do Spock. Serei parecido com ele? Frio, insensível, distante? Pensava que não, mas talvez eu seja Spock. Pensei que não era, embora deva concordar que, no início da adolescência, via possibilidades no caminho vulcano: lógica. Uma pena não conseguir me concentrar para alcançar a lógica das coisas.
Na adolescência, percebi que teria que mudar, e assim o fiz, na verdade o faço. Processo lento e nunca concluído, a mudança, transformação pessoal, é sempre complexa e nunca coompleta.
Espero poder mudar mais e melhor, contando com o apoio daqueles que gostam de mim.