Monday, December 18, 2006

New Order

Regret (Arrepender)


Talvez eu tenha esquecido... do nome e endereço...
De todo mundo que eu já conheci.
Não é nada que eu lamente
Guarde para outro dia
É dia de exame escolar e as crianças fugiram correndo.

Eu gostaria de um lugar que eu pudesse chamar de meu...
Ter uma conversa no telefone...
Acordar diariamente já seria um começo
Eu não reclamaria do meu coração ferido.

Eu estava aborrecido você vê
Quase todo o tempo
Você era um estranho
Agora você é minha

Eu nem iria confiar em você
Eu não tenho muito para dar
Nós estamos negociando nos limites
E nós não sabemos que
Você pode pensar que eu estou fora de mão
Que eu sou ingênuo, eu entenderei...
Nesta ocasião não é verdade
olhe pra mim... eu não sou você


Eu gostaria de um lugar que eu pudesse chamar de meu...
Ter uma conversa no telefone...
Acordar diariamente já seria um começo
Eu não reclamaria do meu coração ferido.

Eu era um fusível em curto
Queimando todo o tempo
Você era uma estranha completa
Agora você é minha


Eu gostaria de um lugar que eu pudesse chamar de meu...
Ter uma conversa no telefone...
Acordar diariamente já seria um começo
Eu não reclamaria do meu coração ferido.

Apenas espere até amanhã
Eu acho que é isso que eles dizem
assim que eles se despedaçam.

Sunday, October 29, 2006

Perdão meu pai.

Nessa semana que passou eu participei do 30° Encontro Anual da ANPOCS (24 a 28 de outubro de 2006), em Caxambu (MG), onde apresentei um trabalho no Seminário Temático "ST02 - Culturas jovens urbanas e novas configurações subjetivas".

- Na quinta-feira (26/10/2006) eu assisti à mesa redonda "MR12 - Desafios das Ciências Sociais", coordenada pelo professor Ruben Oliven (UFRGS), tendo como palestrantes Maria Arminda do Nascimento Arruda (USP) e Renato Lessa (IUPERJ).
- Após a realização da mesa redonda participei do fórum "FR02 - Sociologia no ensino médio (ou, o que fazer no dia seguinte?) - uma discussão sobre programas, métodos e recursos didáticos", coordenando pela professora Heloisa de Souza Martins da USP.
- Também assisti à apresentação de trabalhos no "meu" seminário temático tendo
estabelecido contatos importantes para minha pesquisa com colegas com interesses semelhantes, bem como trocado idéias com pesquisadores com estudos diversos.
À noite realizou-se uma festa pela comemoração dos 30 anos da ANPOCS, reunindo a "fina flor" da antropologia, ciência política e sociologia brasileira - a festa, para mim que me considero um pouco "outsider" foi muito interessante para observar os comportamentos de parte da nossa intelectualidade dentro do seu "ambiente natural".
Por volta de meia noite e quarenta, quando estava na pista de dança com Silvana, colega de Tatiana (minha amiga do doutorado lá no Museu Nacional), me lembrei que naquele dia, 26 de outubro, meu pai (falecido no último 15 de abril) faria 81 anos e eu não tinha nem me lembrado. Com isso, me distanciei da agitação e fiquei o resto da festa meditando sobre a sua ausência. Naquele momento me lembrei que minha amiga Liane, cuja mãe falecera em março desse ano, tinha me dito que quando estava triste às vezes relia um e-mail que eu tinha lhe enviado - dizia-se espantada com a minha sensibilidade e que ficava emocionada com minhas palavras.
Procurei o e-mail em minha caixa de mensagense, ao achá-lo, percebi que ele também serviria para mim nesse momento.

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Data: Mon, 20 Mar 2006 03:04:20 +0000 (GMT)
Assunto: Mente plena, mente vazia

"Liane,
te escrevo sem a mínima idéia do que dizer. Isso
ocorre porque nada pode ser dito. Dizer que
compartilha sua dor pode te trazer solidariedade mas
não diminuirá o que sente.
Os dias são sofridos, posso dizer que se tornarão
passáveis, depois serão vistos como aceitáveis até que
se tornem normais.
Nenhum de nós é tão insubstituível que a vida não nos
possa substituir. A morte nos leva nossos entes
queridos e os faz desaparecer pouco a pouco de nossas
vidas.
O que sobra deles? Nada, a não ser a vida que viveram
conosco e que nos fez o que somos. Assim, eles vivem
em nós e em nossas lembranças - cada vez mais
enevoadas e cada vez mais importantes.
Com o tempo eles se tornam mais altos e mais bonitos
do que eram, mas afinal, não era assim que os víamos
quando éramos jovens?
Que a imagem sofrida da sua mãe se apague no devido
tempo e seja substituída pela imagem materna que você
tem dela, e que ela se esforçou por construir.
Um abraço,
André."
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Peço-te desculpas meu pai por ter esquecido do seu aniversário. Irei te visitar essa semana e meditarei um pouco sobre ti. Mais do que tristeza, diminuída por habitar agora em uma casa nova sem tantas lembranças tristes recentes (embora carregue para sempre as memórias felizes do passado), ainda lamento sua morte anunciada e que foi tratada de forma tão descuidada pelos médicos - será que terei melhor sorte.

Um beijo meu pai.

Friday, September 01, 2006

Cartas, despedidas e saudades

 

"Aluno sempre pode te surpreender... às vezes, pro bem." Esse tipo de retorno, ainda mais espontâneo, é o maior presente que o aluno pode nos dar. Apesar de todos os problemas, crises, decepções, etc. um momento de reconhecimento apaga tudo.
Esse tipo de coisa não tem preço. Se fosse possível parar o tempo e preservar o momento em que essa carta - feita de improviso já que os alunos não sabiam que eu apareceria na escola -, me foi entregue, eu talvez sacrificasse um dia da minha vida para poder reviver essa hora.
"Tudo na vida passa", talvez meus alunos se empolguem com a nova professora e se esqueçam de mim porém, o que importa é que por pelo menos UMA hora nós nos amamos como professores e alunos deveriam se amar sempre: ambos conscientes de seus papéis e querendo desempenhá-los totalmente. Isso significa que talvez nem tudo esteja acabado, diferentemente do que diz Adalton, "Acabou".
Peço desculpas aos meus alunos por abandoná-los assim contudo, uma coisa posso dizer: "Durante um bom tempo estarei pensando em vocês, vendo vocês nos meus novos alunos e tentando ver neles o que via em vocês." Da mesma forma que ensinei a vocês, vocês me ensinaram pois me fizeram ver tanto a dignidade na pobreza quanto o luxo na riqueza, bem como o desperdício em maquiagem e o desinteresse pelos exercícios. Nesses novos dias com novos alunos e, infelizmente, sem meus antigos, me pego pensando nos meus alunos municipais e em como gostaria de poder estar com vocês já que vocês estaram sempre no meu coração.

Obrigado.

Obrigado por me fazerem especial por ter meu trabalho reconhecido por vocês.
André. Posted by Picasa

Saturday, August 19, 2006

Deus: poderia me devolver meu pai por cinco minutos?

 

Para pedir desculpas
Deus,
você sabe que tenho alguns problemas com você, bem como tinha com meu pai. Ainda posso resolver meus problemas contigo mas, com ele não. O Senhor sabe que a partida dele foi um tanto inesperada, por causa de médicos interesseiros e desinteressados.
Você sabe que se ele tivesse superado aquela crise, teríamos mudado um pouco, principalmente agora que consegui estabilidade profissional e poderia dar mais atenção a ele.
Queria apenas um instante para poder dizer que, apesar dos inúmeros defeitos que ele adquiriu ou aumentou nos últimos anos, eu nunca pensei em me afastar totalmente dele.
Que apesar de discordar muito dele, geralmente me considerando do lado certo, ao lado de uma certa soberba sempre me doeu um pouco ver que ele não concordava comigo - enquanto concordava com os outros em tudo.
Queria dizer que um dos meus maiores desejos é que, quando chegue a minha morte (que espero que demore muito para ter sucesso e poder aproveitá-lo), possa poder reencontrá-lo no outro mundo e poder mostrar-lhe que estava certo, que minhas discussões com ele tinham um razão e que estava mais do lado do certo do que contra ele.
Aí, estando ele, todos esses anos lá, me observando, me dirá: "Fico feliz que tenha se tornado o homem que não pude ser, que tenha feito o que não fiz e evitado o que fiz de errado. Fico feliz que, mesmo discordando de mim, e sofrendo por isso, não tenha deixado de fazer o que achava certo. Quero que saiba que mesmo sendo muito diferente de mim, sempre te admirei e tive muito orgulho de ti. Se não soube te demonstrar isso em vida, terei agora toda a eternidade para fazê-lo."
Ah meu pai, esse é um sonho bom que, agora mesmo, me dá dor na garganta e do qual, espero, nunca desaparecerá de minha mente como única forma possível de poder acertar minhas contas com ele e, do zero, sem mágoas, podermos recomeçar tal como éramos quando eu era criança e ele me levava para passear no parque ou na praia - quando éramos parecidos com o pai e o filho dessa comunidade.
Um beijo para ti meu pai,
André. Posted by Picasa

Monday, July 10, 2006

"Suponhamos que o homem seja homem e que sua relação com o mundo seja humana. Então, o amor só poderá ser trocado por amor, confiança, por confiança, etc. Se se desejar apreciar a arte, será preciso ser uma pessoa artisticamente educada; se se quiser influenciar outras pessoas, será mister se ser uma pessoa que realmente exerça efeito estimulante e encorajador sobre as outras. Todas as nossas relações com o homem e com a natureza terão de ser uma expressão específica, correspondente ao objeto de nossa escolha, de nossa vida individual real. Se você amar sem atrair amor em troca, i. é, se você não for capaz, pela manifestação de você mesmo como uma pessoa amável, fazer-se amado, então seu amor será impotente e um infortúnio." Karl Marx

"If we assume man to be man, and his relation to the world to be a human one, then love can be exchanged only for love, trust for trust, and so on. If you wish to enjoy art, you must be an artistically educated person; if you wish to exercise influence on other men, you must be the sort of person who has a truly stimulating and encouraging effect on others. Each one of your relations to man – and to nature – must be a particular expression, corresponding to the object of your will, of your real individual life. If you love unrequitedly – i.e., if your love as love does not call forth love in return, if, through the vital expression of yourself as a loving person, you fail to become a loved person – then your love is impotent, it is a misfortune." Karl Marx

Saturday, May 20, 2006



Como uma relação de pai e filho, pessoas tão próximas, pode se tornar tão distante. Depois que me deixou, meu pai, tenho pensado nesse trecho de "A consciência de Zeno", de Italo Svevo:
"Depois, no funeral, voltei a lembrar-me de meu pai, fraco e bom, como sempre o vira desde a minha infância (...). Fiz-me bom e afável, e a lembrança de meu pai me acompanhou sempre, tornando-se cada vez mais cara. Era como um sonho delicioso: estávamos então perfeitamente de acordo, eu reassumindo meu papel de fraco e ele o do mais forte."

Pena que você sempre foi tão fraco meu pai, tão manipulável pelos que queriam tirar o que pudessem de ti e tão inalcançável aos que te queriam bem, mas só te provocavam mágoa. Minha arrogância te trouxe muita mágoa eu sei, sempre soube, em parte eu assim quis pois esperava vencer-te pelo cansaço e te fazer mudar de opinião. Não te mudei, não te venci, não me deu chance de poder te convencer a ser de novo aquele pai que me levava pelas mão à praia suja da Ilha do Governador ou ao, ainda, não sujo Parque Ari Barroso.
Por que ele teve que morrer? Por que ele teve que ceder lugar ao "Caçulé" do botequim?

Quando tia Jandyra morreu, houve momentos em que pareceu que talvez pudéssemos ficar mais próximos (minha garganta me aperta agora). Mas tiraram esse tempo de nós.

MÉDICOS MALDITOS PARA QUEM CONTIGO TUDO IA BEM QUANDO TUDO IA MAL. Posted by Picasa

Saturday, March 25, 2006

Você me faz querer ser um homem melhor





"Melvin Udall: I've got a really great compliment for you, and it's true.

Carol Connelly: I'm so afraid you're about to say something awful.

Melvin Udall: Don't be pessimistic, it's not your style. Anyway, here goes: I've got this, what, ailment. Now, my doctor, this shrink I used to go to all the time, says that in fifty to sixty percent of cases, a pill really helps. I HATE pills, hate them. I'm using the word "hate" about pills. Anyway, my compliment to you is the night after you came over and said that you would never... well, you were there, you know what you said. Anyway, the very next morning, I started taking the pills.

Carol Connelly: I don't quite get how that's a compliment for me.

Melvin Udall: YOU MAKE ME WANT TO BE A BETTER MAN.

Carol Connelly: ...That's maybe the best compliment of my life.

Melvin Udall: Well maybe I overshot a little, because I was aiming at just enough to keep you from walking out."

As pessoas dizem que sou frio, dizem que sou racional, dizem que sou pragmático, que sou insensível.

Também tenho meu lado quente, irracional, descuidado e sensível. Essa cena, do filme "As good as it gets" (Melhor Impossível) é, na minha opinião, a melhor declaração de amor que um homem pode fazer para uma mulher. Poder dizer "eu quero ser um homem melhor", não por você mas pela pessoa que você ama, é um grande ato de entrega; a pessoa teve coragem de fazer pelo outro o que não teve força de vontade para fazer por si mesmo. É amar mais o outro do que a si próprio, é descobrir o amor próprio por causa do outro. É o amor pelo outro gerando o amor por si mesmo, logo não é um amor egoísta mas sim um amor que é troca porque sendo dado, ele é recebido.

É uma pena que seja difícil encontrar uma mulher digna de tal dádiva - não que elas não existam mas já estão comprometidas, ou estão presas a algum "homem do passado" ou estão fascinadas por algum canalha que não lhes dá atenção e que pensam poder transformar no seu "homem do futuro".

O ser humano é realmente MUITO estranho. Todos somos.

Monday, March 20, 2006



Bem, como pode-se prever, esse sou eu.

Não de todo feio.

Apresentável e, particularmente na minha opinião (totalmente desinteressada), acho que até atraente - embora fora dos padrões atuais.

Uma vez, minha professora de francês me disse que eu tinha cílios longos, bonitos. Enquanto ela falava isso satisfeita, me fazendo um elogio - afinal, eu era (segundo ela) a cara do seu ex-noivo e amor da sua vida - eu me percebia pensando:

"Que mulher hoje em dia está a fim de ficar vendo cílio de homem?"

Como já dizia Roberto Carlos (o cantor, não o jogador):
"Eu sou aquele amante à moda antigaDo tipo que ainda manda floresAquele que no peito ainda abrigaRecordações de seus grande amores.
Eu sou aquele amante apaixonadoQue curte a fantasia dos romancesE fica olhando o céu de madrugadaSonhando abraçado à namorada.
Eu sou do tipo de certas coisasQue já não são comuns nos nossos diasAs cartas de amorO beijo na mãoMuitas manchas de batom daquele amasso no portão.
Apesar de todo o progressoConceitos e padrões atuaisSou do tipo que na verdadeSofre por amor e ainda chora de saudade.
Porque sou aquele amante à moda antigaDo tipo que ainda manda floresApesar do velho tênis e da calça desbotadaAinda chamo de querida a namorada. "

PS: Desculpa, me esqueci de você Erasmo (o que seria de RC sem EC?) Posted by Picasa

Saturday, March 18, 2006

Tão perto, tão longe.

"Carta a Meu Pai" de Franz Kafka

Nesse desabafo, nunca enviado a seu pai, Kafka fala muito do que eu falaria a meu pai; porém, da mesma forma que ele escreveu mas não enviou, eu penso mas não falo.
"A esta tua usual representação, eu a considero correta apenas naquilo que diz respeito à tua ausência de culpa em nosso afastamento. Mas também igualmente isento de culpa estou eu. Se pudesse alcançar que reconhecesses isto, seria possível, talvez não uma existência nova, para isso estamos ambos demasiado velhos, mas sim uma espécie de paz, não um cessar, mas sim um atenuamento de tuas contínuas censuras."
Como pessoas unidas pelo sangue podem se separar por causa de personalidades diferentes.
O estranho é que acredito que, tanto ele quanto eu, gostaria que nos gostássemos mais.
Querer nem sempre é poder, nem sempre o que se pode fazer é o que deve ser feito e às vezes, quando o fazemos, não é certo de que será bem sucedido.
Se existem outras vidas, talvez resolvamos nossas pendências na próxima, meu pai.

Wednesday, March 15, 2006



"Minha Falha Fatal (My Fatal Flaw)
Quanto mais as coisas mudam, mais parecem as mesmas. Eu não estou certo quem foi a primeira pessoa a ter dito isso. Provavelmente Shakespeare. Ou talvez Sting. Mas neste momento, é a sentença que explica melhor minha falha trágica: minha inabilidade de mudar. Eu não penso que estou sozinho nisto. Quanto mais conheço as pessoas, mais percebo que é o defeito de todos. Ficar sem mudar pelo máximo de tempo possível, ficar imóvel... Nos faz sentir bem. E se você está sofrendo, pelo menos a dor é conhecida. Porque se você toma uma iniciativa, se abre, ou faz algo inesperado... Quem sabe que outra dor está esperando por você? Há a possibilidade de ser pior. Então você mantém seu status que... Escolhe a estrada já trilhada. Não parece tão ruim, em relação aos defeitos. Você não é viciado em drogas, não matou ninguém... Exceto talvez você mesmo um pouco. E quando finalmente mudamos, não acho que seja como um terremoto ou uma explosão, e de repente somos uma pessoa diferente. Acho que é menos que isso... O tipo da coisa que poucas pessoas percebem... Só se observarem bem de perto. Fato que, graças a Deus, elas nunca fazem. Mas você percebe. Dentro de você, essa diferença é enorme. E espera que se torne a pessoa que você será para sempre... Para que você não tenha que mudar de novo. "

Everwood, episódio "East Meets West"

Pelo visto não sou o único que pensa assim.

Sunday, March 12, 2006

O primeiro de muitos?















Não sei bem porque estou aqui.
Talvez porque esteja só.

Não, isso é mentira. Não estou só. Ainda compartilho minha casa com meu pai. Ainda tenho uma agenda com muitos telefones de pessoas que reclamam que não ligo para elas (o que é verdade, devo reconhecer). Ainda tenho mais de 100 amigos no Orkut. Ainda por cima convivo com cerca de 400 alunos.

Como posso estar só?

Talvez porque esteja me sentindo só.