Sunday, April 19, 2009

Números Futuros e Cansaço atual



Esse mês completei 38 anos de vida e 3 anos da morte de meu pai.

Há algum sentido nisso???

Se tivesse me casado aos 18 e tido um filho aos 21, ele agora teria 17 anos.

Será que ainda serei pai???

Uma vez disse para uma amiga (quando meu pai faleceu): "Deixei de ser filho sem ser pai".

38
39
40

Se tiver um filho hoje, ele terá 12 quando eu tiver 50 anos.

A partir dos 40 tenho que fazer exame de próstata.
A partir dos 50 a chance de enfarte é maior.

É ela?
É ela que está chegando???
"André... Me aguarde... Vamos nos encontrar em breve"

Minha vontade é correr, fugir!!!
Mas meu corpo aguenta?

Estou meio melancólico. Quem se lembrará de mim???
Se passo dias sem lembrar de meu pai, quem se lembrará de mim???

Será que há algo além?
Dá vontade de descobrir uma forma de viver pra sempre...
Tanto estudo, faculdade, mestrado, doutorado,... para alimentar os vermes???

Cansado... Gostaria de dormir, dormir, dormir,dormir, dormir, dormir...
Mas isso não adianta, afinal, ao acordar tudo recomeça: trabalho, estresse, etc.

Tinha planejado um 2009 diferente, pós-tese, mas ele está bem parecido como 2008, pré-tese.

Vontade de quebrar tudo!
Falta de disposição.....
De certa forma, estou um pouco morto. Gostaria de ressucitar, mas tudo me parece tão difícil e/ou sem sentido...

Daqui a pouco vou deitar para acordar amanhã e ir trabalhar - tomara que eu acorde!!!



Camila, Camila...

Camila, Camila (Nenhum de Nós - Composição: Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein)

Depois da última noite
De festa
Chorando e esperando
Amanhecer, amanhecer...

As coisas aconteciam
Com alguma explicação
Com alguma explicação...

Depois da última noite
De chuva
Chorando e esperando
Amanhecer, amanhecer...

Às vezes peço a ele
Que vá embora
Que vá embora
Oh!...

Camila! Ah!
Camila! Camila!...

Eu que tenho medo
Até de suas mãos
Mas o ódio cega
E você não percebe
Mas o ódio cega...

E eu que tenho medo
Até do seu olhar
Mas o ódio cega
E você não percebe
Mas o ódio cega...

A lembrança do silêncio
Daquelas tardes
Daquelas tardes...

Da vergonha do espelho
Naquelas marcas
Daquelas marcas...

Havia algo de insano
Naqueles olhos
Olhos insanos, oh!
Os olhos que passavam o dia
A me vigiar, ah!
A me vigiar, ah!
Oooooh!...

Camila! Ah!
Camila! Camila!
Camila! Ah! Oh!
Camila! Camila!...

E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava a minha cabeça prá tudo
Era assim que as coisas
Aconteciam
Era assim que eu via
Tudo acontecer...

E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava minha cabeça prá tudo
Era assim que as coisas
Aconteciam
E era assim que eu via
Tudo acontecer...

Camila! Ah! Oh
Camila!
Camila! Ah! Oh!
Camila! Ah! Camila!...

Ooooooooh!

"E eu que tinha apenas 17 anos"
Quando essa música foi lançada, eu tinha 17 anos.
Isso foi a mais de 20 anos...
Quanta gente já viveu e morreu...

Por que ainda estou aqui?
Por quanto tempo mais?


Quando ouvi essa música a primeira vez, eu ficava pensando que já tinha vivido 1/4 da minha vida...

Já passei desse 1/4, já estou chegando a 1/2, em breve faltará 1/3, 1/4, 1/5, 1/6...
Quando menos esperar... Terei ido, serei lembrança, serei apenas um nome, um blog abandonado, um email superlotado, um site sem visitas, um orkut cheio de spams...

Será apenas isso o que sobrará de mim???

7 comments:

Camila Guimarães said...

Não sei se terei filhos, se viverei por 1/4 ou meio 1/2. Não tenho certeza se os meus sonhos se realizarão, muito menos a certeza de que eles serão de fato minha felicidade. Mas posso garantir que no pouco ou muito que me resta levarei não só uma lembrança, uma figura, a imagem de um grande homem, misterioso, engraçado, diferente, cheio de personalidade que conheci em uma virada da vida. Um educador, que sabe valorizar o que faz e o que os outros fazem. Pessoas de verdade não acabam em suas próprias memórias, elas perpetuam para sempre na memória daqueles que tiveram o privilégio de conhece-las .

Karen Dias Jones said...

Conversa de Ernest com o gato Merges – sobre vida e morte.

Livro “Mamãe e o sentido da vida” Irvin Yalom. Texto interessantíssimo. karen


"— Você diz que gosta de sua vida como está agora. Pode me falar da sua vida? Como é um de seus dias típicos?

O jeito sereno de Ernest pareceu tranqüilizar Merges, que parou de lançar olhares ameaçadores, acomodou-se nas patas traseiras e respondeu, calmamente:

— Um de meus dias? Sem incidentes. Não me lembro de muita coisa da minha vida.

— O que você faz o dia inteiro?

— Espero. Espero até ser chamado por um sonho.

— E entre os sonhos?

— Eu já lhe disse. Eu espero.

— Só isso?

— Eu espero.

— E essa é a sua vida, Merges? E você está satisfeito?

O gato fez que sim e disse, rolando graciosamente sobre o corpo e começando a lamber a barriga:

— Se a gente pensar na alternativa...

— A alternativa... Você se refere a não viver?

— A sétima vida é a última.

— E você quer que essa última vida continue para sempre.

— Você não iria querer? Não é o que todo mundo quer?

— Merges, estou impressionado com a incoerência do que você diz.

— Os gatos são seres lógicos. Nem sempre isso é reconhecido, por causa de nossa capacidade de tomar decisões com a rapidez de um raio.

— A incoerência é esta: você diz que quer que sua sétima vida continue para sempre, mas, na verdade, não está vivendo essa sétima vida. Está simplesmente existindo, numa espécie de estado de suspensão de suas funções vitais.

— Não estou vivendo minha sétima vida?

Karen Dias Jones said...

— Foi você mesmo quem disse: você espera. Vou lhe dizer o que me vem à cabeça. Um psicólogo famoso disse, certa vez, que algumas pessoas têm tanto medo da dívida da morte que recusam o empréstimo da vida.

— E isso significa o quê? Fale claro — disse Merges, que tinha parado de lamber a barriga e estava sentado sobre as patas traseiras.

— Significa que você parece ter tanto medo da morte que se recusa a entrar na vida. É como se tivesse medo de gastar a sua vida. Lembra-se do que me ensinou há pouco, sobre a essência da gateza? Diga-me, Merges, onde fica hoje o território que você defende? Onde estão os machos com quem luta? Onde estão as fêmeas lascivas e miadoras que você subjuga? E por que — continuou Ernest, enfatizando cada palavra — você deixa que suas preciosas sementes Merges de esperma apodreçam, sem ser usadas?

Enquanto Ernest falava, a cabeça de Merges baixou. Depois, meio tristonho, o gato perguntou:

— E você só tem uma vida? Quanto já viveu dela?

— Mais ou menos a metade.

— Como é que você agüenta?

Súbito, Ernest sentiu uma aguda pontada de tristeza. Pegou um dos guardanapos do jantar chinês e secou os olhos.

— Sinto muito ter-lhe causado sofrimento — disse o gato, com uma gentileza inesperada.

Karen Dias Jones said...

— Não foi nada. Eu estava preparado. Esse rumo da nossa conversa era inevitável. Você me perguntou como eu agüento. Bem, para começar, não pensando no assunto. E mais, às vezes até o esqueço. Na minha idade, isso não é muito difícil.

— Na sua idade? Que quer dizer?

— Nós, os seres humanos, passamos pela vida em etapas. Quando crianças pequenas, pensamos muito na morte; alguns de nós até ficam obcecados com ela. Não é difícil descobrir a morte. Basta olharmos em volta para ver coisas mortas: folhas, lírios, moscas e besouros. Os bichos de estimação morrem. Comemos animais mortos. Às vezes, tomamos conhecimento da morte de uma pessoa. E não demora para nos darmos conta de que a morte chegará para todos: a vovó, a mamãe e o papai, e até para nós mesmos. Remoemos essas idéias em particular. Nossos pais e professores, achando que é ruim as crianças pensarem na morte, silenciam sobre ela, ou então nos narram contos de fadas sobre o paraíso e os anjos, sobre a reunião eterna e as almas imortais.

Ernest parou, esperando que Merges estivesse acompanhando suas palavras.

— E depois? — perguntou o gato. Estava acompanhando, sim.

— Nós nos resignamos. Tiramos a idéia da cabeça, ou então desafiamos abertamente a morte, com grandes proezas temerárias. E aí, pouco antes de nos tornarmos adultos, voltamos a refletir muito sobre ela. Embora alguns não consigam suportar e se recusem a continuar a viver, a maioria de nós apaga a consciência da morte, mergulhando nas tarefas da idade adulta: a construção da carreira, a criação da família, o crescimento pessoal, a aquisição de bens, o exercício do poder, a vitória na corrida. É nesse ponto que estou na vida. Depois dessa etapa, entramos em outra fase, na qual a consciência da morte volta a emergir, e aí ela passa a ser nitidamente ameaçadora... iminente, na verdade. Nesse ponto, temos a opção de pensar muito nela e tirar o máximo proveito da vida que ainda nos resta, ou fingir de várias maneiras que a morte não virá nunca.

Karen Dias Jones said...

— E quanto a você, pessoalmente? Você finge para si mesmo que a morte não chegará?

— Não, eu não consigo. Como em meu trabalho como psiquiatra falo com muitas pessoas que têm problemas terríveis com a vida e a morte, sou obrigado a enfrentar a verdade o tempo todo.

— Então, deixe-me perguntar mais uma vez — insistiu Merges, cuja voz, agora baixinha e cansada, havia perdido todo o tom de ameaça —: como é que você agüenta? Como pode sentir prazer numa parte qualquer da vida, em qualquer atividade, tendo a morte avultando mais adiante e contando com apenas uma vida?

— Eu inverteria essa pergunta, Merges. Talvez a morte torne a vida mais vital, mais preciosa. A realidade da morte confere às atividades da vida uma pungência especial, uma qualidade agridoce. Sim, talvez seja verdade que viver na dimensão do sonho lhe confira imortalidade, mas a sua vida me parece imersa no tédio. Quando lhe pedi, agora há pouco, para descrevê-la, você respondeu com uma única frase: "Eu espero." Será que isso é vida? Será que esperar é viver? Ainda lhe resta uma vida, Merges. Por que não vivê-la na plenitude?

— Não posso! Não posso! — disse ele, baixando mais a cabeça. — A idéia de não existir mais, de não estar entre os vivos, de a vida continuar sem mim, é... é... simplesmente terrível demais.

— Então, o objetivo da maldição não é a vingança perpétua, é? Você usa a maldição para não ter que chegar ao fim da sua última vida.

— Acabar é simplesmente terrível demais. Não existir.

— No meu trabalho — disse Ernest, estendendo a mão para dar um tapinha na enorme pata de Merges —, aprendi que os que mais temem a morte são aqueles que se aproximam dela trazendo dentro de si muita vida não vivida. O melhor é usar a totalidade da vida. Não deixar nada para a morte senão restos, nada além de um castelo queimado.

Karen Dias Jones said...

— Não, não — resmungou Merges, abanando a cabeça. — É simplesmente terrível demais.

— Por que é tão terrível? Vamos analisar isso. Exatamente o que é tão temível na morte? Você já a experimentou mais de uma vez. Disse que, toda vez que sua vida acabava, havia um breve intervalo antes de começar a vida seguinte.

— Sim, isso mesmo.

— De que você se lembra desses breves momentos?

— De absolutamente nada.

— E não é esse o ponto, Merges? Grande parte do que você teme na morte é imaginar como seria estar morto e saber que não poderia mais estar entre os vivos. Mas, quando está morto, você não tem consciência. A morte é a extinção da consciência.

— E isso é para me tranqüilizar? — rosnou Merges.

— Você me perguntou como eu agüento. Essa é uma das minhas respostas. Também sempre me consolei com a máxima de um outro filósofo, que viveu há muito, muito tempo: "Onde a morte está, eu não estou; onde estou, a morte não está."

— E em que isso difere de "quando você morreu, morreu"?

— Há uma grande diferença. Na morte não há "você". "Você" e "morte" não podem coexistir.

— Esse negócio é brabo, muito pesado — comentou Merges, com a voz quase inaudível e a cabeça quase encostada no chão.

— Deixe-me falar-lhe de uma outra perspectiva que me ajuda, Merges, uma coisa que aprendi com um escritor russo...

— Esses russos... isso não será animador.

— Escute. Anos, séculos, milênios se passaram antes de eu nascer. Certo?

— Não há como negar — fez ele, com ar cansado.

— E milênios se passarão depois que eu morrer. Certo? Merges tornou a assentir com a cabeça.

— Por isso, eu imagino minha vida como uma centelha brilhante entre dois espaços vastos e idênticos de escuridão: a escuridão que existiu antes de eu nascer e a que se seguirá a minha morte.

Isso pareceu atingi-lo. Merges escutava atento, com as orelhas em pé.

— E você não fica perplexo, Merges, com o tanto que tememos a escuridão posterior e o tanto que somos indiferentes à anterior?

Súbito, Merges pôs-se de pé e abriu a boca num enorme bocejo, com as presas luzindo de leve ao luar filtrado pela janela.

— Acho que vou andando — disse, e se dirigiu à janela com um andar pesado, atípico num gato.

— Espere, Merges, tem mais!

— Por hoje, chega. Ê muita coisa para pensar, até mesmo para um gato. Da próxima vez, Ernest, o siri assado. E mais daquele frango com grama verde."

Unknown said...

O medo que vc tem de que a vida como a conhece tenha um fim, alimenta em ti uma série de entraves, medos e um estado ansioso contínuo que não permitem vivenciar a sua vida,com a qualidade que merece.

Esse medo alimenta um estado ansioso que te impede de viver da melhor forma possível, sonhando, correndo atrás de teus ideais sem se alterar quando percebe que estes não são respeitados pelos a sua volta. Se deixando levar pelos seus sentimentos, seu coração.

Vc vê o copo meio vazio. Para tudo existe um lado negativo e um positivo. A vida é vivida com equilíbrio quando é pensada, sentida e vivenciada sem ir a nenhum desses extremos.

Vc vê os anos se passando e se preocupa com o futuro, com o esvaecimento de tua lembrança na memória das pessoas, com o que ainda não alcançou, de que a essa altura já poderia ter um filho.

Quem vive no passado e no futuro, morre no presente.

Saiba que viver é mais importante que morrer. Se vc não conhece a morte e por isso a teme, viva com mais garra a vida que tens no presente. Deixe teu amor pela vida vencer medo que tem da morte.

Sinta com teu interior o amor que emana dos que estão a tua volta. Fortaleça teu espírito nesse amor e ganhe fôlego para vencer tuas fraquezas.