Saturday, May 20, 2006



Como uma relação de pai e filho, pessoas tão próximas, pode se tornar tão distante. Depois que me deixou, meu pai, tenho pensado nesse trecho de "A consciência de Zeno", de Italo Svevo:
"Depois, no funeral, voltei a lembrar-me de meu pai, fraco e bom, como sempre o vira desde a minha infância (...). Fiz-me bom e afável, e a lembrança de meu pai me acompanhou sempre, tornando-se cada vez mais cara. Era como um sonho delicioso: estávamos então perfeitamente de acordo, eu reassumindo meu papel de fraco e ele o do mais forte."

Pena que você sempre foi tão fraco meu pai, tão manipulável pelos que queriam tirar o que pudessem de ti e tão inalcançável aos que te queriam bem, mas só te provocavam mágoa. Minha arrogância te trouxe muita mágoa eu sei, sempre soube, em parte eu assim quis pois esperava vencer-te pelo cansaço e te fazer mudar de opinião. Não te mudei, não te venci, não me deu chance de poder te convencer a ser de novo aquele pai que me levava pelas mão à praia suja da Ilha do Governador ou ao, ainda, não sujo Parque Ari Barroso.
Por que ele teve que morrer? Por que ele teve que ceder lugar ao "Caçulé" do botequim?

Quando tia Jandyra morreu, houve momentos em que pareceu que talvez pudéssemos ficar mais próximos (minha garganta me aperta agora). Mas tiraram esse tempo de nós.

MÉDICOS MALDITOS PARA QUEM CONTIGO TUDO IA BEM QUANDO TUDO IA MAL. Posted by Picasa