Sunday, April 08, 2012

Ciências

Interessante pensar como Newton, Descartes, etc., tinham uma formação que integrava matemática, filosofia, história, etc. e foram fundamentais na constituição do saber matemático atual.
É interessante como a constituição do paradigma cartesiano-newtoniano, que fundamentou uma concepção mecanicista do mundo, conseguiu apagar seus fundamentos humanísticos.
Embora as chamadas ciências exatas estejam longe da exatidão, como propalam, elas conseguiram se construir como tais - coisa que muitos físicos e químicos discordariam e estão abertos para pensar de modo mais filosófico e relativo suas questões (como os químicos já fizeram e como os físicos fazem hoje).
Em função desse paradigma cartesiano-newtoniano, que acabou levando a uma valorização das ditas ciências exatas e a uma subsequente e progressiva visão das mesmas como sendo mais complexas do que as outras.
Isso acaba levando a um grau de importância maior dado a elas, o que faz com que as demais áreas venham a ser vistas como acessórios. Interessante pensar que, até o século XIX, principalmente na Alemanha, a formação de diferentes carreiras, tinham uma forte carga de humanidades, sem que fossem vistas como acessórias, mas sim como essenciais.
É claro que há enormes falhas nas áreas de humanas, fruto da sua subjetividade e do que é visto como defeito pelas autoproclamadas ciências exatas: o fato de serem subjetivas e de interferirem/sofrerem interferência do real concreto; coisa que também ocorre nas tradicionalmente conhecidas como "hard sciences" - o que ocorre é que, muitas vezes, o componente humano é disfarçado ou desaparece na história.
Assim vemos porque não há interesse em se mudar tal situação: se áreas como filosofia, história e sociologia se debruçam sobre as "ciências exatas", seus elementos filosóficos, seus processos históricos e sua estrutura sociológica serão revelados ou discutidos. O que isso significaria? Que são ciências com as mesmas qualidades e defeitos que as demais, logo nem melhores, nem piores.
Revelado isso, porque manter essa diferença, essa hegemonia, visível inclusive nas distribuições de carga horária? Essa pergunta, não se interessa fazer, só quem a faz são a filosofia, história e sociologia - por isso são tratadas como adereços.